O esporão de calcâneo (também conhecido como Fascite Plantar) é doença comum entre os praticantes de corrida.
A fáscia plantar é um tecido que se origina no osso calcâneo e que, durante cada passo, sofre forças de tração (figura 1). Durante a corrida, podem ocorrer microtraumas de repetição nesse tecido e consequente degeneração tecidual, fato que culmina com dor e inflamação crônicas. O esporão ósseo que se forma na região plantar do calcâneo é consequência da tração repetitiva da fáscia plantar. Ou seja, o esporão é consequência (e não a causa) da inflamação crônica na região da planta do pé.
Estudos referem que o excesso de peso é fator de risco importante na origem da doença. Outros fatores de risco são a idade (pois após os 40 anos ocorre a desidratação e degeneração do coxim gorduroso plantar que reveste e protege a fáscia plantar) e o uso de calçados com amortecimento inadequado/desgastado.
A dor é localizada na parte interna do calcanhar, com piora no inicio do dia (primeiros passos), melhora ao longo do dia e pode voltar a piorar no final do dia (figura 2).
Radiografias do pé e do tornozelo são úteis para avaliação e ajudam a excluir outras patologias. O esporão aparece em aproximadamente metade dos casos de dor no calcanhar (figura 3). Já a Ressonância Nuclear Magnética é utilizada na suspeita de outras doenças que possam causar sintomas semelhantes, tais como fratura por stress do calcâneo, fibromatose plantar, tumores e infecções. Compressões de nervos que passam pela região do calcanhar são suspeitas no caso de dor persistente mesmo com tratamento ou quando a dor localiza-se na região externa do calcanhar.
O tratamento conservador trás resultados satisfatórios na imensa maioria dos casos. Inicialmente os exercícios de alongamento da fáscia plantar e do tendão de Aquiles/panturrilha podem ser feitos no próprio domicílio. Podem ser usadas palmilhas para acolchoar o calcanhar.
A diminuição das atividades físicas também é importante durante o tratamento. A fisioterapia auxilia na melhora dos sintomas. O uso de infiltração com corticóide pode trazer melhora temporária. Seu uso deve ser cauteloso devido ao risco de complicações. A cirurgia é indicada no caso de persistência dos sintomas após tratamento conservador por pelo menos seis meses.