Osteoporose Transitória do Quadril

A osteoporose transitória do quadril é uma condição rara que causa perda óssea temporária na porção superior do osso da coxa (cabeça do fêmur).

A doença se caracteriza por um início súbito de dor no quadril, que piora com caminhadas ou outras atividades de sustentação de peso. Em muitos casos, a dor aumenta com o tempo e pode se tornar incapacitante.

Os sintomas dolorosos diminuem gradualmente e geralmente desaparecem dentro de 6 a 12 meses. A força óssea no quadril também volta ao normal na maioria das pessoas.

Apesar do nome, a osteoporose transitória do quadril é muito diferente da osteoporose relacionada ao envelhecimento. A osteoporose relacionada à idade é uma condição indolor, progressiva (desenvolve-se ao longo do tempo) que leva a um enfraquecimento dos ossos em todo o corpo e consequente aumento do risco de fraturas.

Anatomia

O quadril é uma das maiores articulações do corpo, sendo formada pelo acetábulo (soquete), que se articula com a cabeça do fêmur (bola).

Definição

Na osteoporose transitória do quadril, a cabeça femoral enfraquece e perde densidade (massa óssea). Durante o tempo em que o osso está enfraquecido, ele corre maior risco de fratura.

A osteoporose transitória ocorre mais frequentemente na articulação do quadril, mas também pode afetar outras articulações da perna, como joelho, tornozelo e pé.

A osteoporose transitória do quadril ocorre mais frequentemente em homens jovens ou de meia-idade (entre as idades de 30 e 60 anos). Também pode ocorrer em mulheres que estão nos estágios finais da gravidez (os últimos 3 meses) ou que deram à luz recentemente. Um estudo publicado no Journal of Obstetrics and Gynecology em 2017 estima que a condição afeta 01 em cada 250 mil mulheres grávidas.

Causa

Atualmente, não há uma explicação clara para o que provoca essa condição. Pesquisadores estão estudando essa doença e várias teorias têm sido propostas, embora nenhuma seja comprovada.

Algumas das causas que foram sugeridas incluem:

  • Obstrução (bloqueio) de alguns dos pequenos vasos sanguíneos que circundam o quadril;
  • Alterações hormonais;
  • Tensões mecânicas anormais (carga ou força externa) no osso.

Sintomas

  • Início súbito de dor, geralmente na frente da coxa, virilha, lateral do quadril ou nádegas;
  • Dor que se intensifica com a sustentação de peso e pode diminuir com o repouso;
  • Nenhum acidente prévio ou lesão no quadril que desencadeasse dor;
  • Mobilidade limitada: O movimento suave do quadril geralmente é indolor, mas a dor pode se intensificar com movimentos extremos do quadril;
  • Dor que aumenta gradualmente ao longo de um período de semanas ou meses e pode ser intensa e até incapacitante;
  • Claudicação: perceptível enquanto se tenta proteger a articulação para aliviar a dor.

Exame Físico

O médico irá questionar sobre os sintomas e quando estes começaram, e se houve alguma lesão, trauma ou mal jeito no quadril.

Durante o exame físico, o médico fará movimentos no membro inferior acometido em diferentes direções para medir a amplitude de movimento e tentar reproduzir a dor. A maioria dos pacientes com osteoporose transitória do quadril tem mais dor quando movem o próprio quadril (amplitude de movimento ativa) em oposição a quando o médico move o quadril para eles (amplitude de movimento passiva).

Além disso, a dor muitas vezes é sentida apenas com extremos de movimentos do quadril, e geralmente piora com qualquer sustentação de peso. Essa diferença na forma como a dor é sentida (dor intensa com carga de peso, mas dor mínima com amplitude de movimento passiva) é uma das pistas para o diagnóstico de osteoporose transitória.

Durante o exame, o médico irá testar a amplitude de movimento do quadril

Durante o exame, o médico irá testar a amplitude de movimento do quadril

 

Exames de Imagem

Raios-X

No curso inicial da doença (primeiras 6 semanas), as imagens de raios-X podem mostrar uma ligeira diminuição na densidade óssea da cabeça femoral, mas essa alteração pode ser de difícil visualização. Vários meses depois, as radiografias podem mostrar uma perda dramática da densidade óssea com um desaparecimento quase completo da cabeça femoral. Essa perda temporária de densidade óssea é o motivo pelo qual a doença é chamada de “osteoporose transitória do quadril”.

Esta radiografia da pelve mostra alterações precoces na densidade óssea do quadril afetado (setas).

Esta radiografia da pelve mostra alterações precoces na densidade óssea do quadril afetado (setas).

 

Outros exames de imagem

Como as radiografias podem não mostrar perda óssea até que a condição esteja bem avançada, outros tipos de exames de imagem podem auxiliar na identificação da causa.

O exame de ressonância magnética (RM) fornece imagens claras dos tecidos moles (músculos, tendões e ligamentos) ao redor do quadril.

A densitometria óssea é um estudo que testa a densidade óssea geral e, embora seja o padrão ouro no teste de osteoporose relacionada à idade, não é eficaz no diagnóstico de osteoporose transitória do quadril.

Em caso de gravidez, o médico pode decidir adiar os exames de imagem até às últimas fases da gravidez, ou mesmo até depois do parto. Geralmente, a ressonância magnética é segura durante a gravidez, embora deva ser discutido entre o cirurgião ortopédico e o obstetra caso haja indicação para realização do exame.

Exames laboratoriais

Atualmente não existe nenhum exame de sangue que ajude a diagnosticar esse transtorno. No entanto, os exames de sangue são úteis para descartar outras causas de dor no quadril, como distúrbios metabólicos (nutricionais), distúrbios endócrinos (hormonais) e doença metastática (câncer).

Edema de medula óssea

Um dos sinais mais comuns de osteoporose transitória do quadril é o edema da medula óssea. A medula óssea é uma substância esponjosa que produz células sanguíneas e está localizada na parte oca dos ossos longos. No edema da medula óssea, a medula óssea está inflamada e cheia de líquido.

Uma ressonância magnética (RM) de um quadril afetado por Osteoporose Transitória geralmente revelará edema da medula óssea. Por isso, a RM é um dos estudos mais úteis para auxiliar no diagnóstico da condição.

 

Esta imagem de RM mostra edema ao redor do quadril afetado. O edema faz com que o osso apareça branco na imagem da ressonância magnética.

Esta imagem de RM mostra edema ao redor do quadril afetado. O edema faz com que o osso apareça branco na imagem da ressonância magnética.

Tratamento

Como a osteoporose transitória desaparece por conta própria (doença autolimitada), o tratamento se concentra em minimizar os sintomas e prevenir qualquer dano aos ossos enquanto eles estão enfraquecidos pelo distúrbio.

  • Anti-inflamatórios Não Esteroidais (AINES): Drogas como ibuprofeno e naproxeno podem aliviar a dor e inflamação.
  • Restrições de sustentação de peso: limitar ou eliminar temporariamente as atividades de sustentação de peso. Usar muletas, uma bengala, um andador ou outro auxiliar de marcha ajudará a aliviar o estresse da sustentação de peso no quadril afetado e pode evitar uma fratura do osso temporariamente enfraquecido.
  • Fisioterapia: para ajudar a manter a força e a flexibilidade nos músculos que sustentam o quadril recomenda-se, conforme tolerado pelo paciente, uma série de exercícios à medida que a dor diminui. Os exercícios aquáticos podem ser úteis não só porque facilitam o movimento, mas também porque aliviam a sustentação de peso.
  • Nutrição: a nutrição adequada, incluindo vitamina D e cálcio, pode ajudar a promover o processo de cicatrização e reconstrução dos ossos.

Resultados

Com diagnóstico e tratamento adequados, a maioria dos pacientes com osteoporose transitória do quadril pode esperar que seus sintomas terminem dentro de 6 a 12 meses. A força óssea no quadril também voltará ao normal na maioria dos casos.

Em uma pequena porcentagem de pacientes, a osteoporose transitória pode aparecer novamente mais tarde na vida. Pode retornar ao mesmo quadril ou até mesmo no quadril que não foi afetado originalmente. É difícil prever se a condição voltará.