Atualmente, a obesidade se tornou uma epidemia global. Seu efeito atinge todos os segmentos de nossa sociedade. No Brasil, dados mais recentes apontam que aproximadamente 56% da população se encontra em sobrepeso (IMC entre 25 e 30) ou obesidade (IMC>30). Há uma forte associação com múltiplas comorbidades, incluindo doenças cardíacas e derrame, e taxas mais altas de osteoartrite e diabetes entre os indivíduos com obesidade. [IMC (índice de massa corporal) = peso (em Kg) / altura m² (em metros²).
Como cirurgião ortopédico, especializado em prótese total da articulação do Quadril, é comum ver pacientes que se queixam de dor e limitação significativa de mobilidade. Uma proporção significativa desses pacientes também é obesa. Juntos, a obesidade e as articulações doloridas contribuem para um ciclo vicioso de diminuição da mobilidade. Altas taxas de diabetes e doenças cardíacas estão associadas à obesidade e complicam ainda mais o atendimento a esses pacientes. Estas questões devem ser consideradas por médicos e outros profissionais de saúde ao avaliar pacientes com obesidade significativa.
O principal trabalho da ortopedia é buscar restaurar a mobilidade dos pacientes. A substituição da articulação e os modos não cirúrgicos de tratamento da artrite são muito bem-sucedidos no alívio da dor e permitem que os pacientes recuperem a atividade. Infelizmente, vários estudos mostraram que muitos pacientes que sofrem de obesidade não conseguem perder peso após a substituição da articulação. Outros estudos indicaram taxas mais altas de complicações cirúrgicas quando a substituição articular é realizada em pacientes com obesidade.
Na prática clínica, devemos encorajar os pacientes a procurar ajuda por meio de uma variedade de fontes – seu médico de cuidados primários (clínico geral), um nutricionista, um especialista em obesidade, como o endocrinologista e, em última instância, o cirurgião bariátrico. Paciente e médico devem discutir maneiras de controle de peso e ter uma discussão aberta sobre as implicações da obesidade na saúde geral.
A obesidade é fator de risco para inúmeras doenças ortopédicas. Deve-se procurar discutir a questão da obesidade de forma aberta e sem julgamentos para com os pacientes. Para gerenciar esse problema complexo, é necessário um trabalho em equipe entre o paciente, o ortopedista e o médico de cuidados primários. Esta comunicação é a melhor maneira de fornecer um resultado seguro e satisfatório para o paciente.
Dr. Anderson Luiz de Oliveira
CRM 137098 TEOT 12621 TEME 171502
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT)
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Quadril (SBQ)
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE)
Membro da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE)